IV ERGA SUL 11.11

Guiades pela força do AMOR e sob as bênçãos de Nhanderu, a Tekoá Ka’aguy Porã (Aldeia Mata Sagrada), retomada de território mbya-guarani em Maquiné-RS, convida a todes para compor o IV Encontro Regional de Grupos de Agroecologia da região Sul. Com a intenção de descolonizar nossas práticas de cuidado com a terra e com as pessoas, acreditamos que é na aliança com a Nação Guarani e outros povos ancestrais que encontramos o enraizamento necessário para construir nossa tão necessária autonomia.

De dentro da aldeia, em eterna e fundamental roda de chimarrão, tecemos estas boas palavras em um círculo intergeracional, interétnico, horizontal, e aberto a co-operação de toda a família que sentir o chamado. Nesta vivência de 18 a 21 de abril de 2019, estaremos fortalecendo a resistência da cultura viva guarani (mbya reková), cultivando um mundo baseado no tekó porã (bem-viver), buscando uma composição de povos e saberes do campo, cidade e floresta.

Tragam suas sementes! Resistência, permacultura, reconexão, solidariedade, agroecologia, igualdade de gênero, arte, mbaraete mbyaguaxu, autogestão, crianças, amor, esperança, anciãs, fermentados, medicinas, enxadas, mudas, espiritualidade, fé e brilho nos olhos… Eju xeirun kuery!

Ara pyau, primavera de 2018

Associação de Amigos da Tekó Jeapó

Comunidade Guarani da Tekoá Ka’aguy Porã

Movimento Construindo Consciente (Mova-C)

Coletivo Guandu de Agroecologia

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A Comissão Enraizadora agradece profundamente a todEs que estiveram presentes nesta grande convergência celebrativa experimental multiétnica.

Centenas de pessoas de diversas biorregiões (8 estados e 4 países) reunidas num esforço de construção do Bem-Viver, apoiando e sendo apoiadas pelo povo Guarani em sua busca pelo Tekó Porã (Bem Viver). As duas aldeias que receberam o encontro, Tekoha Ka’aguy Porã (Mata Sagrada) e Tekoha Guyra Nhendu (Som dos Pássaros), foram fortalecidas e tiveram sua rede de apoio expandida. Cada pessoa e cada coletivo que veio de longe levou consigo a resistência, a inspiração e uma pequena amostra da vasta sabedoria dos povos originários, juntamente com a confiança de que somos cada vez mais numerosEs nesta Grande Família/Nação Jurumbya.

Organizado em território Mbya-Guarani, retomado das mãos do Estado em 2017, o IV Encontro Regional de Grupos de Agroeocologia – ERGA Sul aconteceu entre os dias 18 e 21 de abril de 2019, no município de Maquiné/RS, onde antes havia a extinta FEPAGRO. Ao longo dos quatro dias do encontro, 400 pessoas se organizaram de forma autogestionária para dar conta das inúmeras demandas da coletividade, como oficinas, vivências, atividades, rodas de conversa, alimentação, manejo dos banheiros secos, separação e destinação dos resíduos, comunicação, cuidado compartilhado das crianças, cuidado de pessoas enfermas, alvorada, logística, manutenção das trilhas e sensibilização com a cultura Mbya Guarani… Agradecemos às muitas mãos que ajudaram a construir e sustentar este lindo processo!

Alimentar tantas pessoas, quase exclusivamente com alimentos agroecológicos de produtoras e produtores locais, foi um desafio que facilitou nossa conexão e diálogo com a região; promovendo solidariedade entre indígenas e moradores locais. Construir a estrutura do encontro com materiais da floresta, compostar todos os resíduos orgânicos no próprio local e apenas utilizar produtos de limpeza biodegradáveis, refletem o nosso compromisso com autonomia, sustentabilidade e respeito às grandes forças e dimensões da natureza.

O intercâmbio cultural entre Guaranis e não-indígenas na Teko Jeapo (Cultura em Ação) – Escola Autônoma Mbya Guarani, Bioconstruída em 2018, durante vários mutirões-vivências, foi extremamente intenso. Um pouco de conversa, outro pouco de mão na massa. Muita música e brincadeira, que é pra gente se alegrar: Sabedoria indígena expressa em inúmeras músicas Guaranis. Vivendo com alegria esta luta pela terra, pela demarcação, pela agricultura ecológica e pela liberdade do ser, expressa no sorriso das Kyringues (crianças) ao tomar um banho de rio ou correndo pela mata atrás de frutas silvestres.

Retomando nossas raízes com a ajuda da nação Mbya Guarani, convivendo e trocando com respeito à sua cultura, nos conectamos, reconectamos, fortalecemos e transmutamos. Lembremos que, apesar dos colonizadores terem levado muito do pau-brasil e de todo ouro que por aqui havia; os verdadeiros tesouros, de conhecimentos milenares, modo de vida, cantos, danças e toda a alegria, espiritualidade e sabedoria deste povo, permanecem bem presentes, aqui ao nosso lado. Que o nosso mutirão de rezos possa reverberar longe esta energia, todas as noites ancorada na casa de reza do encontro. Que esta aliança espiritual nos leve pelo Tapé Porã (Bom Caminho), reco-construindo o Yvyrupa (Mundo livre sem fronteiras). E que sigamos também, em 2020, para Santa Catarina, no V ERGA-Sul, semeando e cultivando coletivamente este Bem-Viver.

Aguyjevete \o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/\o/

INSCRIÇÕES ENCERRADAS:

Inscrições (Somente até dia 12/04):
1º pacote R$40,00 até 12/04/2019
2º pacote R$55,00 pagamento na hora da entrada, mas inscrição realizada.
Inscrição nascidos ou moradores do Uruguay e Estados do Nordeste R$20,00

Inscrição indígenas – ISENÇÃO/GRATUITA

NOTA: Por questões logísticas e harmônicas, o encontro será limitado em 400 inscrições, garanta a sua.

LISTA PRÉ-ERGAs SUL:

*Grande Porto Alegre:
– Horta Comunitária Lomba do Pinheiro 06/04: https://www.facebook.com/events/464550537415854/

– Assentamento Filhos de Sepé (Viamão) 22/03-24/03: https://www.facebook.com/events/2527847367244992

*Camaquã 02/03-03/03:
– Aldeia Tekoá Y’vyã Porã: https://www.facebook.com/events/803369566679687/

*Rolante 22/02-24/02:
– Linha Boa Esperança: https://www.facebook.com/events/376026606548663/

*Santa Maria 27/03:
– UFSM: https://www.facebook.com/events/1160198650818444/

*Matinhos (PR):
– Horta Comunitária do Castelinho 07/04:
https://www.facebook.com/events/2532741140087446/

GRUPO DE CARONAS

No intuito de organizarmos as caronas, criamos um GRUPO no Facebook: https://www.facebook.com/groups/411289259644229

ÔNIBUS OFICIAL IV ERGA-SUL:

Saída: Sexta de manhã (Porto Alegre)
Retorno: Domingo final da tarde/noite

CONTATO: ergaenraizamento@gmail.com

***ALGUNS ACORDOS PARA UMA CONVIVÊNCIA HARMONIOSA:***

🍽 Lembrem de trazerem seus próprios utensílios de cozinha, como PRATOS, TALHERES e COPOS. Assim como utensílios para sua higiene pessoal.

🎁 Doações para a comunidade são muito bem-vindas e importantes. Coisas como comida, agasalhos, cobertas, colchões, panos e utensílios de cozinha serão muito úteis!

🏕 Se pode acampar no local, tragam suas barracas e utensílios para acampamento.

☼ Respeite a natureza! Assuma a responsabilidade pelo seu lixo seco, levando-o de volta com você. Evitem ao máximo trazer produtos industrializados e repletos de embalagens plásticas desnecessárias, e aproveite para fazer disso uma prática diária!
MAIS AMOR, MENOS PLASTICO!!

🚫 Bebidas alcoólicas e drogas ilícitas estão proibidas.
A escola é um espaço destinado a cura, aprendizado, conscientização, transformação e libertação cultural. “Os Mbyá-Guarani costumam afirmar que a bebida alcoólica possui um espírito que não tem parente e, por isso, ao consumi-la, a pessoa pode comprometer o vínculo social com os seus familiares.” (https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/2175-8034.2017v19n1p137/35641);

🙊 Silencio e calma.
A aldeia é um espaço sagrada, onde vive a comunidade guarani, estando lá devemos viver de acordo com seus preceitos. Assim uma demanda é o silêncio, principalmente durante a noite, não significa o silencio pleno, somente evitar braulhos excessivos e altos que possam atrapalhar o descanso da comunidade.

>> Isso não é turismo etnológico.
Os povos Mbya Guarani são muito pacíficos, bondosos e abertos para receber pessoas de fora. Infelizmente, através destes contatos, nós, Juruás (homem branco) mal instruídos, podemos impor e reproduzir muitos vícios degradados da cultura colonialista, ocidental urbana e capitalista em que vivemos, pedimos então MUITO RESPEITO e CONSCIÊNCIA em todas as relações estabelecidas.
Os Mbya Guaraní, mas principalmente as crianças, não são atrações fotográficas.
O viver se faz no presente e no agora, registrar momentos só tem função quando aliados a propósitos e objetivos maiores e verdadeiros. Este é um momento de estabelecer conexões reais, para guardá-las em nossas memórias e relembrá-las através das transformações ocorridas em nós mesmos a partir delas. Deixem os celulares guardados para viver e trocar experiências autênticas.

👂 Saber OUVIR.
A cultura Mbya Guaraní é repassada única e exclusivamente através da fala. Temos MUITO o que aprender com sua sabedoria em ouvir, escutar e respeitar. Somente respeitando seu espaço, seu tempo e o silêncio será possível receber um pouco de sua vasta sabedoria milenar.

COMO CHEGAR LÁ?
A aldeia fica nas terras da extinta Fepagro, muito fácil de chegar, na rua principal de Maquiné, a que leva a barra do ouro, cerca de 1 km depois que acaba o asfalto, uns 200m após a entrada da Fepagro existe um acesso pela esquerda, ai tem uma estradinha que leva até a escola, só seguir uns 200 metros por ela, já dentro da aldeia, ai saberá quando chegar!

Aguyjevete (gratidão)! Aguardamos vocês com imensa alegria e vontade de fazer acontecer!

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“Transformar os jovens para serem autônomos. Ensinar para o mundo, para viver na sociedade. Daí eles terão autonomia para escolher seu caminho sem regras do juruá. Tendo autonomia e responsabilidade, temos tudo para aprender e fazer.”
André Benites, Cacique Tekoa Ka’ aguy Porã

A ESCOLA
André criou o projeto Tekó Jeapó, que ele traduz como cultura em ação, como uma forma de retomar as práticas ancestrais junto à natureza e, ao mesmo tempo dialogar com o mundo que lhe é contemporâneo. Através da vivência, a Tekó Jeapó será o local de aprender os ofícios, as técnicas, os ensinamentos espirituais, estudar as matas, os bichos, as águas, o céu, integrando o conhecimento Mbya com as possibilidades de aprendizado que derivam do contato com a sociedade envolvente.

André Benites deixa claro seu pensamento: primeiro fizemos a Retomada; agora, faremos uma escola. Ou seja, uma vez que podemos viver numa paisagem rica em recursos que permita ao Mbya viver em sua totalidade, o segundo passo é levar às crianças os ensinamentos do povo guarani, bem como prepará-las para uma realidade de contato com a cultura juruá, não indígena.

RETOMADA MBYA GUARANI
O processo de retomada da área ancestral Mbya Guarani, no município de Maquiné, iniciou em 27 de janeiro de 2017, quando 27 famílias que viviam em condições precárias na região entraram pacificamente na área de 367 hectares, com mais de 80% de mata nativa, no bioma Mata Atlântica. A decisão da retomada ocorreu após a medida do governo do Estado de extinguir a Fundação de Pesquisas Agropecuárias (Fepagro), que funcionava ali. O governo entrou com ação de reintegração de posse em abril e a partir dali foi iniciado um processo de negociação mediado pelo CEPI (Conselho Estadual dos Povos Indígenas). O processo tem sido favorável para os Mbya, com ajuda de muitos apoiadores da justa causa, eles conseguiram permanecer no local.

Guiados pelos deuses, como sempre contam, os Mbya criaram a Tekoá Ka’aguy Porã (mata sagrada). Agora se encontram em fase de consolidação e aprofundamento do viver coletivamente numa área sagrada que tem todas as condições para a retomada da cultura Mbya: água limpa de nascentes das montanhas, mata fechada, terra binoa para o plantio dos alimentos tradicionais, frutas nativas e plantas medicinais, os passarinhos que cantam e encantam as crianças que podem brincar livremente na natureza.

Vídeo publicado pelo Sul21 sobre os acampamentos indígenas no Rio Grande do Sul e a Retomada em Maquiné:

Documentário resultado de uma oficina de produção audiovisual junto à comunidade da Aldeia Ka’aguy Porã em Maquiné/RS:

Vídeo publicado pelo CIMI sobre o conceito de Retomada Yvyrupá:

Vídeo Gersen Baniwa- TERRITÓRIOS INDÍGENAS: