Autogestão e horizontalidade não significam espontaneísmo, desorganização ou falta de estrutura, pelo contrário. Ao longo dos anos vamos construindo e amadurecendo metodologias e estruturas organizativas que sejam coerentes com nossos princípios e que nos dêem o máximo de organização e dinamismo, sem que para isso precisemos ter dirigentes, cargos fixos, hierarquias. Entre aprendizados, erros e acertos, a REGA chegou ao modelo de funcionamento das células de estudo e trabalho, nossos GTs.
Todos os GTs trabalham articuladamente, sendo que há rotatividade dos membros que os compõem todos os anos, nos ENGAs e ERGAs. Desta forma, não cristalizam-se posições, e todas as pessoas têm a oportunidade de contribuir para a construção dos mecanismos de funcionamento da Rede, desenvolvendo também novas habilidades e tornando-se conscientes de todos os processos. Os indivíduos e grupos que compõem os GTs são enzimas catalizadoras, portanto executam tarefas cujos limites estão de antemão dados pela coletividade, não podendo, portanto, extravasar suas funções. São apenas executores de demandas tiradas nos encontros ampliados ou internos. Cada GT deve ser composto no mínimo por uma enzima de cada região do Brasil, sendo ilimitado o número de participantes por GT.
GT de Articulação
Este GT tem como objetivo principal integrar a REGA, seja internamente através das conexões entre GAs, seja externamente, com outras organizações da Agroecologia. Também é responsável por fazer o acolhimento de pessoas que queiram participar da estruturação da rede; acompanhar apa/amadrinhamentos de novos membros; disponibilizar no blog planilhas com as articulações que estão acontecendo (eventos, caravanas etc); acompanhar representações da REGA em outras organizações.
GT de Recursos
Este GT elabora os planejamentos estratégicos e linhas gerais (critérios) para gestão dos recursos, tendo em vista que o auto-financiamento é uma prioridade da rede e que recursos não se resumem a dinheiro: Alimentos, mão de obra, plante o enga, cessão de espaços, caravanas, estruturas, entre outros, também são recursos valiosos. É o grupo responsável por elaborar tabelas de transparência dos custos dos eventos no blog da REGA, computando valor destinado ao caixa da REGA e prestar contas depois dos eventos; avaliar a possibilidade de financiar representatividades da REGA em atividades externas; garantir a isenção de inscrição para pessoas com dificuldades financeiras e para as comissões organizadoras dos eventos.
GT de Comunicação
Este GT deve garantir eficiência na circulação de informação, interna e externamente, com segurança. Suas tarefas são manter facebook e blog atualizados; realizar oficinas sobre o Riseup nos encontros da REGA; criar a cartilha para entrada de novos membros na REGA; produzir um vídeo “dando vida a cartilha”; propor uma ferramenta de avaliação permanente (dos GTs, eventos, representatividades, relações interpessoais, etc..) de forma a evitar triangulação da informação e garantir retorno para retroalimentação da Rede.
GT de Formação Política
Este GT visa criar espaços permanentes de aprofundamento e formação política, propiciando acúmulos de temas estratégicos através da organização de debates abertos, virtuais ou presenciais. Também é responsável por promover discussões que apareçam como demandas dos Encontros da Rede e do GT Articulação, além de construir os espaços de formação para entrada de novos membros da REGA. Os temas que estão sendo trabalhados transversalmente pelo GT a partir do VIII ENGA são: Lutas anti-capitalistas/autonomismo; Movimentos sociais; Anti-proibicionismo; Reforma ou Revolução Agrária; Exploração no campo; Negritude e questões étnico-raciais; Feminismo; Diversidade sexual; Economia Solidária; Sementes; Decolonialidade; Transição Agroecológica; Segurança alimentar; Soberania alimentar; Saúde; Veganismo; Educação e ludicidade.
GT Negritude
Este GT foi criado no VIII ENGA (Bananeiras/2016), em que as pretas e pretos presentes pontuaram que como sujeitos e representantes de muitos dos saberes que alimentam e fundamentam a Agroecologia, sentem a necessidade de se articular e sistematizar esse acumúlo e fortalecer o protagonismo do povo negro nos espaços da Rede. Denunciaram, ainda, que não sentiram-se representados naquele encontro, sentindo incômodo com atitudes racistas de participantes brancos em visitas a um quilombo, por exemplo. Destacaram que lidar com as questões raciais em um país tão cindido como o nosso, é um aprendizado constante, e por isso gostariam de contribuir para a construção de uma célula de estudo e trabalho específica para levar adiante estas questões.