Agroecologia e Agricultura Urbana em combate à crise: Redesenhando a existência

Viemos convidar toda a comunidade agroecológica para o V Encontro Regional de Grupos de Agroecologia da região Sul (ERGA-Sul), que será realizado pela internet do dia 19 à 30 de agosto. Acreditamos que, em meio à pandemia, há uma necessidade ainda maior de nos organizarmos enquanto rede e fortalecermos nossas vivências, debates e lutas.

Há um ano e quase 4 meses, entre os dias 18 a 21 de abril, nos encontrávamos para vivenciar a agroecologia em sua essência, sob as bençãos de Nhanderu, na Tekoá Ka’aguy Porã (Aldeia Mata Sagrada), no IV ERGA – Sul, na retomada de território mbya-guarani em Maquiné-RS. Junto a nação Guarani, dentro da aldeia, formamos uma grande comunidade. Nos propomos a conviver por 04 dias, enraizando e buscando “descolonizar nossas práticas de cuidado com a terra e com as pessoas”. Os aprendizados e vivências foram transformadores junto ao povo guarani e a grande família do ERGA-SUL. Teve muito chimarrão compartilhado, abraços, trocas de sementes e saberes, círculos de cooperação, mutirões, muitas mãos co-construindo a autonomia necessária, com muito respeito e inspirados no tekó porã (bem-viver).

IV Encontro Regional de Grupos de Agroecologia da região Sul, na retomada de território mbya-guarani em Maquiné-RS.

Como é de tradição nos ERGAs, os encontros alternam entre os estados do Sul. Na plenária do último evento, nosso grupo, majoritariamente de Florianópolis (foto abaixo), firmou o compromisso de organizar o V ERGA em Santa Catarina no ano de 2020. Desde então viemos nos encontrando para construir e desenhar o nosso encontro.

Coletivo após decisão de enraizarem o V ERGA -SUL no IV Encontro Regional de Grupos de Agroecologia da região Sul, na retomada de território mbya-guarani em Maquiné-RS.

No entanto, devido a pandemia mundial causada pelo Covid-19, nos vemos impossibilitados de nos reunirmos presencialmente. Como pensar agroecologia sem a arte do encontro? Como imaginar e organizar um ERGA-Sul sem mutirões e abraços? Sem ter a cozinha recheada de trocas, mãos que plantam, constroem, acolhem, ensinam e criam?  Nos encontramos em um mar de incertezas, fruto de uma crise civilizatória e insustentáveis projetos de “desenvolvimento”. Esse momento coloca em evidência um cenário crescente de fome, de insegurança alimentar, adoecimento físico e mental da população, tanto nos grandes centros urbanos quanto no meio rural. Além da intensificação da exploração da natureza, dos recursos naturais, expropriação e aniquilamento das formas de vida das comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas). Hoje mais do que sempre, defendemos a agroecologia como uma forma de vida possível para as comunidades do campo, cidade, águas e florestas.

Em decorrência da pandemia e da necessidade de debater sobre a agroecologia como uma alternativa de combate às crises emergentes, fazemos este chamado para o V ERGA-Sul com o tema Agroecologia e Agricultura Urbana em combate à crise: redesenhando a existência.

Acreditamos também que, enquanto REGA-Sul, precisamos nos organizar, nos aproximar e atualizar nossos debates.

Nossa proposta é propiciar discussões em eixos que se relacionam ao tema principal, compartilhar ações e projetos realizadas pelos grupos de agroecologia e disponibilizar pastas para compartilhamento de materiais. Queremos também realizar uma sistematização dos grupos e coletivos que vêm construindo a REGA-Sul.

Tudo isso através de:

Espaços vivos: Serão lives mediadas pelos enraizadores com pessoas, coletivos e movimentos sociais convidados;

Espaços de diálogo: Serão em plataformas de videoconferência com as pessoas/grupos/coletivos, onde poderemos somar e trocar experiências agroecológicas e realizar reuniões da Rede de Grupos de Agroecologia (REGA);

Espaços de trocas multimídia: Vídeos e fotos enviados pela comunidade agroecológica e compartilhados em nossas páginas.

Formulários de engajamento: Formulários online para inscrição, sistematização dos grupos, e apoio do Quilombo Vidal Martins com a arrecadação de doações que serão enviadas diretamente para fortalecer sua luta.

Florianópolis é uma cidade referência em agricultura urbana, práticas comunitárias, políticas públicas de fomento a agroecologia e também em lutas sociais. Neste ano, a comunidade em que estaremos nos inspirando e apoiando, é a Comunidade Quilombola Vidal Martins que encontra-se desde março em processo de retomada de seu território no Parque Estadual do Rio Vermelho em Florianópolis-SC. Compreendemos que a reivindicação da comunidade por seu território é legítima, tendo a ocupação tradicional daquele espaço sido comprovada já por laudo antropológico e Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do INCRA/SC, documentos que asseguram a relação histórica das pessoas com o local e delimita o território reivindicado. As 31 famílias da Vidal Martins são remanescentes de pessoas negras escravizadas, que, em busca de sua liberdade, ocupam aquelas terras desde 1750. Todo nosso apoio a luta quilombola! 

Mutirão agroecológico na comunidade quilombola Vidal Martins, Camping do Rio Vermelho, Florianópolis.  Fevereiro de 2020.

Mais informações, vídeos e matérias sobre o quilombo você encontra neste link:

Abaixo está o link do Formulário de Engajamento; este que no final do corpo do texto contém a conta para depósito como uma contribuição espontânea para o Quilombo Vidal Martins como forma de inscrição do encontro.

Logo divulgaremos a programação para reconhecimento dos participantes!!!

Contamos com você! A autogestão depende da divulgação, participação e engajamento de todes nos espaços. Chame os amigues, a família, a comunidade agroecológica e vamos fazer um grande encontro acontecer! A agroecologia nos dá força, resistência e resiliência para seguir em tempos pandêmicos.

Qualquer dúvida fale com a gente pelo email: comissaoenraizadoraergasul@gmail.com

Há-braços agroecológicos!